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Sobre Pontos, Linhas e Entrelaços, para piano, eletrônica e vídeo
Wellington Jose Gonçalves

Última alteração: 2022-01-03

Resumo


 

Resumo

 

Essa produção artística/Composição está vinculada ao meu projeto de mestrado. A pesquisa se direciona à investigação e reflexões acerca da problemática do Tempo na música de concerto do século XX e XXI. Partirmos das abordagens feitas pela musicóloga francesa Gisele Brelet em seu texto “Le probleme du temps dans la musique nouvelle” (1949). E os desdobramentos da temática sobre o tempo que o levantamento bibliográfico vem trazendo. As imagens poéticas que constituem as estratégias composicionais de “Sobre Pontos, Linhas e Entrelaços: para piano, eletrônica e vídeo”, surgem a partir das diversas reflexões de concepções de tempo levantadas neste momento da pesquisa. Sobretudo as reflexões que o compositor francês Olivier Messiaen trás sobre a temática do tempo em sua obra. E a qual é atribuída ao pensador medievalista Tomás de Aquino, que por sua vez tem profunda influência em sua doutrina, da teoria do tempo de Aristóteles. Entre as diversas  concepções de tempo que compõem as imagens poéticas que fundamentam as estratégias, estrutura e reflexões estão as concepções “Sempiternus” (para sempre), a qual Tomás de Aquino vincula aos anjos, o céu e os objetos celestes (como a lua, sol e as estrelas) e enunciado na expressão “Quae potest in motum sempiternum” (que pode estar em movimento para sempre) e os Ciclos gerados pelo Eterno Retorno vinculado  às diversas parábolas gregas  como o labor de Sísifo e o suplício de Prometheus. A escolha de  objetos sonoros de simples identificação, como os ciclos criados a partir das repetições  da nota “Ré 3”  e os acentos na nota “Do 0”  tocadas no piano evocam o movimento cíclico dos objetos celestes, como o movimento da lua, do sol e das estrelas, e até mesmo de uma máquina de relogio.

As imagens escolhidas para criação do vídeo  criam um plano unidirecional com a construção da música. A utilização de imagens de máquinas de relógios e  nebulosas esféricas que tem por excelência em seu movimento circular, cíclico, geram uma  simbiose com ciclos rítmicos e dos materiais da música, formando assim uma espécie de Rima audiovisual, onde os sons e as imagens se tornam um objeto homogêneo, um reiterando o outro em uma simbiose verticalmente e horizontalmente temporal.

Sobre pontos, linhas e entrelaços tem sua estrutura o eterno retorno que pulsa em ciclos que se dilatam/comprimem/dilatam trazendo uma sensação de constante movimento. A sobreposição de duas camadas de tempo cronológicos, um o do piano à 70BPM e o outro  dos sons de relógios na  Eletrônica a 60 BPM, cria um jogo de movimento interno na estrutura sonora, como um móbile que  movimenta internamente seus elementos. Para que  cada objeto sonoro dentro de cada  temporalidade independente, contribuia para criação de uma textura que se movimenta horizontalmente e verticalmente no tempo.

 


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