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Samba de Aruak: a exploração de compassos mistos como insight composicional
Raphael Ferreira da Silva

Última alteração: 2022-01-03

Resumo


O videofonograma apresentado é produto de um estudo teórico-prático que tratou da exploração de compassos mistos como recurso para o insight composicional, especificamente no contexto estético da música brasileira popular instrumental. O projeto de pesquisa que abarcou tal empreitada tem como objeto de estudo a práxis da criação e performance instrumental em música popular; desta forma, é contemplada ainda a prática da improvisação na peça apresentada, sobre templates harmônico-formais pré-estabelecidos. Os espaços abertos à improvisação foram arbitrariamente destinados ao sax tenor, guitarra, piano e bateria; tal recurso é adotado na peça em epígrafe como mecanismo de desenvolvimento musical, em seções deliberadamente estruturadas para tanto, como é recorrente no contexto estético-musical abordado. Devido à bagagem profissional, habilidades instrumentais e discografia do autor nas funções de compositor, arranjador e instrumentista, optou-se pela formação de noneto, a saber: trompete/flugelhon, sax alto, sax tenor, sax barítono, guitarra elétrica, piano, baixo elétrico, bateria e percussão. A obra submetida contempla o gênero samba, bem como a aplicação de procedimentos e elementos técnico-musicais observados tanto na jazz theory quanto na bibliografia, discografia e repertório da música brasileira popular. No que concerne aos procedimentos metodológicos, foram realizadas experimentações rítmicas a partir de modificações dos grooves e linhas rítmicas no contexto do samba; buscando a ampliação de possibilidades de tais “matérias brutas” musicais, essa etapa de exploração musical se deu por meio da utilização de dispositivos como: a) supressão de tempos dos compassos; b) adição de tempos aos compassos; c) supressão e adição de notas das frases rítmicas. Posteriormente, por meio de performances improvisadas com acompanhamento de material MIDI, foram realizados testes do potencial artístico, consistência e exequibilidade do gênero em diferentes fórmulas de compassos mistos. Por fim, para a escrita musical propriamente dita, foram realizados estudos com vistas a encontrar a forma de notação rítmica mais eficiente para o trabalho em questão; assim, na maior parte da peça optou-se pela soma de duas fórmulas de compasso diferentes, no intuito de explicitar a subdivisão adotada na melodia e groove. Quanto à dinâmica da realização e registro do fonograma, destaca-se que as gravações foram realizadas já durante a pandemia mundial de Covid-19. Por isso, foi adotada a estratégia de overdub, sendo que saxofones, trompete, flugelhorn e baixo elétrico foram gravados pelos próprios performers em suas respectivas residências; já guitarra, piano, bateria e percussão foram gravados em um estúdio profissional, sendo captado apenas um instrumento de cada vez, com a presença apenas do instrumentista e engenheiro de som, ambos permanecendo em salas separadas e tendo sido relatada ao autor a adoção de todos os protocolos de biossegurança. Da mesma forma, no intuito de manter o distanciamento físico recomendado pelas autoridades sanitárias, não foi realizado nenhum ensaio, sendo que todos os contatos entre o compositor e os performers foram realizados remotamente. O próprio compositor realizou a performance e gravação dos saxofones alto, tenor e barítono em seu home studio, bem como a edição e mixagem do áudio.



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