ANPPOM, Comunicações Artísticas

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Tocando com a distonia focal do músico: novas formas de arranjos e composições no violão solo
Denis Quadratti Sartorato

Última alteração: 2022-01-03

Resumo


Esta Comunicação-Recital apresenta três arranjos e três composições próprias para violão solo, frutos de uma pesquisa de mestrado sobre diferentes estratégias de estudo e novas perspectivas de performance de violonistas acometidos pela Distonia Focal do Músico. A DFM é uma desordem de movimento que provoca a perda da capacidade de controle voluntário de determinado(s) músculo(s) utilizado(s) na execução instrumental. Ela é de ordem ocupacional e classificada como tarefa-específica, pois os sintomas são desencadeados durante a atividade profissional em mecanismos que já estão treinados e proficientes, frequentemente apenas quando o músico toca seu instrumento. Os violonistas geralmente são afetados com a Distonia Focal em algum dedo da mão direita e/ou da esquerda (FARIAS, 2012). Em 2012 comecei a sentir os primeiros sintomas dessa condição e após um ano estava quase impossibilitado de tocar um repertório de violão solo em apresentações ao vivo. Depois de um longo período de incertezas, buscando ajuda médica, submetendo-me a diferentes tratamentos alternativos e lendo diversos relatos de músicos, realizei uma investigação acadêmica com intuito de ampliar o conhecimento sobre o tema que ainda é considerado tabu ou mesmo desconhecido por muitos músicos. Por meio de entrevistas semi-estruturadas com seis violonistas que também enfrentam a Distonia Focal, observou-se que, aliado ou independente dos tratamentos médicos, psicológicos ou alternativos que os músicos se submetem na esperança de uma recuperação, há um desejo incessante de se manter na carreira artística e a percepção de que é possível contornar a situação através da prática e conscientização de uma série de atividades que envolvem: aproveitamento da neuroplasticidade para a reaquisição de movimentos eficientes, retreinamento do instrumento, mudanças posturais, trocas de digitações, aumento da propriocepção, diminuição da tensão muscular, consciência do relaxamento, controle da ansiedade, utilização de truques sensitivos e adoção de novas perspectivas e maneiras de continuar tocando o instrumento e atuando no mercado de trabalho. A partir dessas considerações, somadas às minhas experiências pessoais, venho retreinando meus gestos mecânicos instrumentais, criando novos arranjos e composições condizentes com meu estágio de recuperação atual e aos poucos retomando as performances no violão solo. As obras e as composições escolhidas são provenientes da música popular brasileira e os arranjos têm como característica os seguintes recursos musicais interpretativos: melodia acompanhada, exposição do tema com pequenas variações, escolha de andamentos lentos e moderados, faixa de dinâmica moderada e o uso de digitações alternativas na mão direita.



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