Última alteração: 2022-01-01
Resumo
Este artigo busca, de forma breve, discutir como o legado de pandeiristas como Jorginho do Pandeiro e João da Baiana, referência da tradição do choro, está sendo revisitado e mesmo apropriado por uma nova geração de pandeiristas, uma escola de forte viés modernista, chamada aqui de pandeiro grave. Nesse sentido, estes pandeiristas contemporâneos buscam se afirmar como uma espécie de herdeiros legítimos e continuadores desse arco histórico, que liga os mestres do passado aos dias de hoje, tomando de empréstimo suas técnicas, suas concepções estéticas e também a sua trajetória histórica, como forma de trazer esse legado para próximo de si, legitimando suas escolhas modernizadoras. Para pensar nestas formas de articular o passado, que distorcem o paradigma que opõe tradição e inovação, as concepções de Walter Benjamin são chave, uma vez que entendem o passado não como matéria estática, mas sim como eterno movimento, e sempre em disputa.