ANPPOM, XXXIII Congresso da ANPPOM

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Sentidos e Representações em Asa Branca
Rodrigo Henrique Granja

Última alteração: 2023-09-26

Resumo


O tema deste trabalho é a análise da canção Asa Branca, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, gravada em três momentos distintos e por diferentes intérpretes, objetivando compreender como a performance pode produzir sentidos e ressignificar a canção. Na primeira gravação de 1952, realizada por Gonzaga e seu trio, em um momento de intensa migração de nordestinos para o sudeste do Brasil devido a estagnação econômica e as frequentes secas que afligiam o nordeste, tristeza, saudade e a esperança de retornar à terra são sentimentos mais evidentes. A segunda versão é de Geraldo Vandré no LP de 1965, intitulado Hora de Lutar. Nela, o cancionista se posiciona como artista-intelectual politicamente engajado e interpreta a canção como uma espécie de “aboio”, chamando o povo para a luta no momento em que o País vivia sob o regime ditatorial militar. Na condição de artista engajado, Vandré opera com representações produzidas pelo Centro Popular de Cultura da UNE que considera o povo brasileiro sujeito da revolução nacional popular e o sertão como espaço de lutas sociais. Por fim, a gravação de Caetano Veloso, no álbum de 1971 gravado em Londres, onde o artista se encontrava exilado por força do regime ditatorial vigente no País sob a forma mais violenta. Tristeza e melancolia são características desse LP e a canção Asa Branca, ao mesmo tempo que traduz esses sentimentos, alimenta a esperança de retorno ao País. Nessa interpretação, o sertão se transforma numa espécie de metáfora do Brasil. O embasamento teórico do trabalho é o conceito de performance musical contido em obras de Nicholas Cook e Ruth Finnegan.


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