ANPPOM, XXXIII Congresso da ANPPOM

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Gesto-impureza: a multidisciplinaridade em Pendulum Phase
Arthur Zucchi Boscato, Guilherme Sauerbronn de Barros

Última alteração: 2023-10-04

Resumo


O presente trabalho discute implicações estéticas, filosóficas e políticas da obra Pendulum Phase (2021), composição do autor que é resultado de pesquisa de mestrado que culminou na dissertação Isso não é música: possíveis lugares do compositor em um processo criativo multidisciplinar. O estudo parte da exposição do processo de criação da peça, citando obras referenciais (sobretudo as do compositor estadunidense Steve Reich e da coreógrafa belga Anne Teresa de Keersmaeker) e discutindo o conceito de defasagem e sua utilização na música e na dança. Segue, então, para uma análise da obra, demonstrando como a defasagem aparece aqui enquanto procedimento para se atingir polirritmias complexas, expressas tanto visual quanto acusticamente. Estruturas polirrítmicas presentes na obra Ritmo (1986), de Bohumil Med, são utilizadas como exemplo para demonstrar a operacionalização destas configurações. Por fim, o texto discute como a inclusão do gesto corporal enquanto elemento composicional, aqui representado por um movimento pendular do braço do(a) intérprete, pode representar uma impureza, conceito emprestado de Scarpetta por Dhomont (1990) para se referir à atitude de compositores que buscavam, no final dos anos 1950, um lugar entre o dogmatismo serial bouleziano e a imposição de comunicabilidade e de reaproximação com o público. A referencialidade engendrada pela imagem visual representaria, para além de um experimento estético e poético, um ato crítico e político no sentido de desestabilizar a corporeidade eficiente, maquinal, rigorosamente aplicada à execução.

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