Tamanho da fonte: 

A relação do ser humano para com a música perpassa uma intensa mudança de paradigmas. O aprimoramento e democratização das novas tecnologias transformaram irreparavelmente modos de escuta, composição, produção e aprendizagem devido ao acesso multiplataforma do conteúdo musical – em seus mais diversos formatos – pelos facilitadores midiáticos. Ainda, fomos forçosamente introduzidos em uma perspectiva multitasking, onde a capacidade de concentração, controle inibitório, memória de trabalho e diversos outros recursos cognitivos de funções superiores foram afetados pela efemeridade e quantidade exacerbada de informação provinda dos meios digitais, influenciando de forma definitiva – entre outras esferas da vida - o processo de aprendizagem-ensino musical. Sob o panorama social da revolução tecnológica e informacional, avanços na área da cognição e da neurociência vêm sendo subsídio para um entendimento mais preciso acerca do impacto da atividade musical na sociedade e no indivíduo, e permitiu à comunidade científica avaliar de forma mais assertiva os efeitos diretos da aprendizagem musical no cérebro. Com base nestes avanços, este artigo sugere tornar transversal o conhecimento de base neurocognitiva acerca do aprendizado de música, a fim de que novas propostas de ensino e desenvolvimento musical se adequem à contemporaneidade e ao cenário em questão. O trabalho é um recorte de pesquisa de doutorado em andamento, e intenta refletir criticamente a respeito do impacto do uso excessivo de tecnologias na aprendizagem musical, sob a égide da neurociência e da cognição.