ANPPOM, XXXIII Congresso da ANPPOM

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Orquestra Errante: improvisação musical e micropolítica
Rogério Luiz Moraes Costa

Última alteração: 2023-10-04

Resumo


Nesse artigo me proponho relatar a minha pesquisa atual (Fapesp – processo 2021/00561-0) sobre a improvisação e sobre as práticas coletivas de criação musical com foco nas atividades de um grupo que coordeno há mais de 10 anos na Universidade de São Paulo/Brasil: a Orquestra Errante. Vale ressaltar que a Orquestra tem sido, durante todos esses anos, um dos meus principais campos de investigação sobre o tema da improvisação. No entanto, o grupo nunca havia sido o foco das minhas investigações. Nesse artigo pretendo discutir principalmente a perspectiva micropolítica das atividades desenvolvidas pela Orquestra. Uma das hipóteses é de que essas atividades podem ser pensadas enquanto forma de resistência às capturas do desejo empreendidas pelo capitalismo. Nesse sentido, relaciono os agenciamentos que ocorrem no ambiente criativo da Orquestra Errante às estratégias de insurgência propostas pela psicanalista Suely Rolnik (ROLNIK, 2019) contra o que ela chama de patologias do regime colonial capitalista. Para verificar essa hipótese relato os agenciamentos deste laboratório de criação e improvisação e descrevo seus modos de cooperação micropolítica específicos. A partir desse referencial teórico proponho que esses modos de cooperação estabelecem, de acordo com Rolnik, uma pragmática clínico-estético-política entre os integrantes do grupo que pode funcionar como uma espécie de antídoto contra a corrupção do desejo empreendido pela macro e micropolítica do capitalismo contemporâneo. A ideia é, não só refletir sobre a hipótese mencionada acima, mas também colher dados a respeito das várias dimensões (artísticas, sociais, educacionais, políticas, musicais etc.) que compõem o ambiente relacional da Orquestra Errante.

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