O presente artigo tem como objetivo descrever o planejamento composicional da obra Rio: Concerto para duas clarinetas e orquestra de cordas, construída a partir de associações referenciais (GAULDIN, 1999) com a cidade do Rio de Janeiro. A obra é composta por quatro movimentos, cada um examinado com respeito ao seu planejamento composicional, focalizando aspectos formais, harmônicos e texturais. O autor destaca a importância das associações referenciais como base para o planejamento composicional de obras musicais, sendo tais associações entendidas como um conjunto de técnicas composicionais (centros tonais associativos, acrônimos, citações e paródia) que utilizam elementos extramusicais, como imagens, textos, lugares e memórias, para guiar o processo criativo. Além disso, o autor enfatiza a importância da colaboração com os instrumentistas durante os estágios de planejamento e composição da obra, com o intuito de verificar questões como idiomatismo, articulações, dinâmicas e técnicas estendidas próprias à clarineta. A literatura utilizada para esse último ponto foi Farmer (1982), Rehfeldt (1994), bem como as páginas da internet de Heather Roche (2022) e Gregory Oaks (2022) especializadas em multifônicos para clarineta. Por fim, o autor conclui que o uso de associações referenciais pode ser uma técnica eficaz para o planejamento composicional de obras musicais, permitindo que o compositor estabeleça uma conexão mais profunda com o material musical e estabeleça uma definição formal e sonora para a obra ainda nos estágios pré-composicionais.