Tamanho da fonte: 

Apresentamos neste artigo reflexões sobre as etapas do processo colaborativo entre compositor e intérprete na criação de uma obra eletrovocal no âmbito de eletroacústica para voz e suporte. O impulso de interacão do processo foi ancorado por trabalhos diversos, principalmente, das investigacões de Allan Taylor (2016). A inspiração partiu do corpo escultórico das obras de Maria Martins (1894-1973) artista plástica brasileira num contexto de contraponto com as celebrações do centenário da Semana de Arte Moderna em 2022. Em parte, o desafio do processo foi realizar a concepção e criação da obra num meio virtual, dado à distância geográfica dos criadores. As etapas de criação obedeceram a um cronograma para a inserção da obra na plataforma Perspectivas Sonoras 2022 sob o convite do CMMAS onde o concerto eletrovocal foi lançado. Ferramentas específicas de programas de criação sonora foram utilizados. Os conceitos de arqueologia e dimensão mítica da voz  (Maletta, 2014) são abordados a partir da análise do material vocalizado pela intérprete, em improvisos, na interação com o suporte eletroacústico proposto pelo compositor. O resultado da obra refere-se às escolhas de ambos criadores das duas versões gravadas em estúdio, realizadas após uma elaboração e seleção conjunta do repertório vocal a dialogar com a parte eletroacústica. O ambiente virtual propiciou o diálogo entre os criadores mostrando-se profícuo para a criação de música eletrovocal.