Partindo da conceituação proposta por García (2011) do termo “arquivo” como um saber em processo, associado a um tema específico e constituído por enunciados de autoria compartilhada, o presente texto tem, por objetivo, refletir sobre aspectos constitutivos do que aqui é chamado de “arquivo João da Bahiana”. Dois enunciados discursivos, relacionados a esse importante músico brasileiro, são comumente aceitos e reproduzidos de forma acrítica: 1) após ter seu pandeiro confiscado pela polícia, João da Bahiana recebeu um instrumento novo de presente do Senador Pinheiro Machado; 2) o músico foi preso por tocar pandeiro, conforme atesta uma foto sua na prisão. Esses enunciados, importantes para a construção da memória do samba e do pandeiro, são problematizados neste texto.