O valor de um produto musical, seja composição, performance ou instrumento, é algo notoriamente complexo de determinar, mas o seu preço constitui uma quantificação objetiva que, de alguma forma, é continuamente encontrada e reencontrada para que este produto possa fazer parte de algum mercado. Em inícios do século XX, quando as obras musicais se viam pela primeira vez prontas a serem massificadas, multiplicadas e reinventadas pelas novas possibilidades da reprodutibilidade técnica, a imprensa do Rio de Janeiro (RJ) registraria em anúncios publicitários e anúncios classificados, flutuações de oferta e preço que podem nos ajudar hoje a avaliar e mapear cronologicamente o consumo de música e de tecnologias e instrumentos musicais nesse período e lugar. Espera-se que este levantamento possa ajudar a avaliar melhor o impacto que certas tecnologias podem ter tido sobre as grandes transformações musicais presenciadas no período. A presente comunicação observa comparativamente a passagem do perfil de consumo musical pré-radiodifusão no Brasil, ou seja até 1923, ao período imediatamente posterior. O objetivo geral é observar algumas transformações no mercado musical carioca na chegada do rádio, realizando uma investigação em anúncios publicitários e classificados no Jornal do Brasil dos anos 1923, 1924, 1928, 1929 e 1933, diferenciando-se os preços anunciados, o volume da presença, e as características técnicas de alguns produtos relacionados a música destes mercados. Os dados encontrados indicam que ao longo da primeira década do rádio o preço deste se manteve alto em patamar semelhante ao de pianos de armário e gramofones com amplificação