Partindo de uma investigação sobre estruturas emergentes em ecossistemas audíveis, chamada de Estudo Ecos, apresentamos um breve debate sobre o papel da escuta na metodologia desenvolvida. Durante os experimentos são contrastadas noções comuns da grande área da música eletroacústica, como espacialidade, instrumento e controle, propondo, como consequência, novas perspectivas de escuta. Nesse contexto, o pesquisador-intérprete lança mão de uma escuta dualista, experimental-imersiva e estrutural-funcional, como estratégia para lidar com a complexidade das sonoridades emergentes do ecossistema audível. Para tanto, delimitamos o escopo de análise abaixo do nível das identidades sonoras; tomamos como suporte uma tipologia de padrões de instabilidades de modo a conseguir delinear os movimentos macroestruturais das sonoridades emergentes ao longo do processo de tomada de forma; e adotamos um posicionamento experimental que imprescinde da experimentação intuitiva e imersiva, aproximando-se de uma ecologia acústica. Contudo, esperamos sublinhar a potencialidade da escuta enquanto um instrumento de pesquisa genuinamente musical, evidenciar uma lacuna teórica para se pensar as sonoridades abaixo do nível das identidades, e contribuir com a difusão do ecossistema audível enquanto território de pesquisa musical, uma vez que ainda é um objeto de estudo pouco comum.