Este trabalho propõe uma análise crítica da canção “Feio não é bonito”, de Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri. Nessa composição, o imaginário apologético do morro carioca é mostrado ironicamente, para ser contraposto a uma visão de teor contestatório. Todavia, um exame da maneira como essa perspectiva se constrói esteticamente, pela articulação de diferentes registros culturais, pode indicar qual a relação que os autores de fato estabeleceram com os valores culturais e os problemas concretos do meio que abordaram. Num quadro mais amplo, busca-se identificar os nexos internos que constituíram alguns dos projetos culturais da intelectualidade engajada em meados dos anos 1960, cotejando a análise com pesquisas de outros campos.