ANPPOM, XXXIII Congresso da ANPPOM

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Mulher, artista expatriada e mulata: discursos sobre a trajetória de Maria D’Apparecida em revistas e jornais brasileiros
Lorena Pires Adão, Fernando de Oliveira Magre

Última alteração: 2023-10-01

Resumo


Este trabalho tem como objetivo observar a trajetória da cantora Maria D’Apparecida a partir de sua recepção em jornais e revistas brasileiros. Embora muito celebrada no auge de sua carreira, nas décadas de 1960 e 1970, Maria D’Apparecida não figura nos trabalhos sobre a historiografia da música brasileira, recebendo somente sua primeira biografia em 2020, após sua morte. Para esta pesquisa, recorremos à hemeroteca digital da Biblioteca Nacional como fonte primária, colocando em perspectiva os discursos produzidos sobre Maria D’Apparecida em jornais e revistas brasileiros com declarações da cantora sobre si mesma, em parte reproduzidos por sua biógrafa, Mazé Torquato Chotil (2020). Em diversas oportunidades, Maria D’Apparecida reforça que sofreu racismo no Brasil, o que a impediu de desenvolver sua carreira no país. Com a pesquisa hemerográfica, identificamos que a imprensa brasileira passou a dar maior visibilidade à cantora apenas no momento em que esta ganhou os palcos europeus, mas frequentemente valendo-se de discursos exotistas. Como resultado, esta pesquisa oferece contributos para se compreender não somente a trajetória de Maria D’Apparecida, mas os modos de agir e pensar da sociedade brasileira ao longo do período estudado, especificamente no que diz respeito à presença de pessoas negras - e, sobretudo, mulheres negras - nos espaços ditos de alta cultura no país.



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