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A improvisação nas vozes negras diaspóricas de Clementina de Jesus e Tânia Maria
Última alteração: 2022-09-19
Resumo
Entre as cantoras brasileiras mais reconhecidas, raríssimas são negras, tema que vem sendo abordado por pesquisadores da música nos últimos anos. O estudo sobre a improvisação vocal no Brasil vem crescendo recentemente, não sendo comum, no entanto, a citação de cantoras negras como improvisadoras. Este trabalho apresenta um breve panorama sobre a improvisação vocal nas obras de Clementina de Jesus e Tânia Maria. O objetivo é apontar para o caráter vanguardista de ambas as cantoras, dialogando com a tradição, mas ao mesmo tempo vivendo, apreendendo e construindo a música de seu tempo com muita originalidade. Busca-se também indicar o desenvolvimento de diferentes estilos de improvisação vocal presentes em suas performances. Este desenvolvimento parte tanto de um aprendizado auditivo e intuitivo, no caso de Clementina, quanto o mais pautado em estruturas musicais formais, com influência do jazz e da linguagem de outros instrumentos musicais, no caso de Tânia. Ambas apresentam em seu canto o sentimento de anseio de retorno ao seu lugar, a sua origem. É o caráter diaspórico da obra dessas duas artistas, tanto pela transmissão cultural África-Brasil, quanto pelo não-lugar dessas artistas negras, marcadas pela busca de outros lugares, dentro e fora do Brasil, para sua sobrevivência e seu reconhecimento como artistas.
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